Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, peço que seja gentil. Cuide do meu cérebro com carinho, nele guardo tudo aquilo que me faz ser eu.
Espero que ao se alimentar de mim, sinta minha intensidade, meus sonhos, meus erros, meus “e se” e tire as inseguranças da minha alma. Espero que ao chegar em meu cérebro, você veja o quanto eu tentei, que minha carne te mostre aquilo que ninguém viu em mim.
Quando chegar em meus olhos, espero que possa ver todas as pessoas e lugares que já vi. Se embebeda na beleza daqueles que mais vi pela frente, e ao ver o pôr do sol, sinta paz.
Ao chegar em meu nariz, sinta o cheiro do perfume que minha mãe usou a vida inteira, se vicie no cheiro da grama molhada, sinta fome ao sentir a comida da minha vó tão perto de ti.
Ao comer meu coração, sinta o amor que tive por todos aqueles que eu apreciei, meus amores não correspondidos e os amigos que me abandonaram. Se encontrar algo tão belo em meu ser, peço que rasteje até meu ouvido e sussurre com ternura aquilo que viu.
Em minhas mãos e braços, quero que sinta todos os abraços acolhedores que dei, os carinhos que fiz, as mãos que segurei e as cabeças que acariciei.
Quando terminar em meus pés, sinta o peso do chão que pisei, a grama que pulei, a água que nadei, a areia que me afundei e as pedras que me machuquei.
Sinta-se a vontade para fazer de minha estrutura seu lar, dai-me um propósito digno.
Em meu fim, me deixe despida em minhas memórias, me limpe daquilo que me magoei e livre minha alma das dores que sofri. E ao ir para o próximo corpo, carregue um pouco de mim nas flores que passarem.
Post totalmente diferente do que já trouxe aqui mas eu gostei. Obrigada por ter lido, se inscreva para receber mais posts! Bjs.
Meu deus, isso foi além de bom. Estou encantada.
Div,tudo bem eu usar seu texto como inspiração de um poema?